quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PROJETO VIDA


 O projeto vida, uma proposta de trabalho sócio-educativa de caráter emancipador tomando como base a questão da cidadania, foi mais um trabalho que realizei com Eveline, professora de psicologia da UNB na época e toda sua equipe de educadores de rua, oficineiros, crianças e adolescentes num tempo que foi muito bom para todos nós.

Como o próprio nome diz, foi um projeto de vida de cada um de nós em parcerias com a Cruzada do Menor, Conjunto Nacional, UNICEF e colaboradores voluntários. Tinha as oficinas de:

 Alfabetização / Letramento e Reforço;
Madeira e Brinquedo;
Esporte e Lazer;
Saúde (nutrição e higiene bucal);
Agro-ecologia.

 A minha oficina pedagógica (Alfabetização/Letramento e Reforço) atendia os meninos, quanto ao processo ensino-aprendizagem com duas propostas básicas:

A primeira, flexível, buscando atender as necessidades pedagógicas formais de cada criança;
A segunda, buscando a formação da cidadania.
No primeiro caso eu tinha que buscar uma metodologia adequada para o desenvolvimento do conteúdo pedagógico de alfabetização e de acompanhamento escolar;
No segundo caso, o conteúdo a trabalhar era voltado para a formação social, a capacitação para o mercado de trabalho e integração com as demais oficinas.

O atendimento aos meninos era feito de forma individual e grupal dependendo das atividades propostas para o dia e as outras oficinas.

 Também fazia parte do meu trabalho, um programa de atenção à família e comunidade, onde visitava os familiares com o intuito de sensibilizá-los para a necessidade de aprendizagem acadêmica de seus filhos e ajudando-os no sentido de acompanhar a criança-adolescente nas atividades escolares.

Intermediava a mãe ou responsável (muitas vezes avó, tia, madrasta) nas ações junto à escola e a comunidade como efetivando a matricula, do menino quando autorizadas por eles, buscando vagas nas turmas e acompanhamento da frequência...

Meu trabalho, portanto era junto à escola e à comunidade, a exemplo disso organizamos festa junina, pamonhada, roupas típicas, montagem de uma mini biblioteca e etc.

Tudo isso aconteceu numa chácara no Recanto das Emas, emprestada pelo Governo do Distrito Federal, aonde os meninos chegavam de manhãzinha, tomavam café com leite da vaca doada para o projeto, vestiam roupas adequadas, passavam por uma plenária, onde era feito o planejamento das atividades do dia e depois, dividiam-se em grupos para as oficinas.

Aí começava um vai e vem de meninos e educadores até a hora do almoço, quando todos tomavam banho, almoçavam (comida feita usando os próprios produtos colhidos na chácara e plantados por eles) e por último a plenária de avaliação do dia e encaminhamento às escolas. 

Levei comigo esse projeto de vida quando participei de um Congresso Internacional chamado “COMUNIDAD 96” realizado na Universidade de Havana - Cuba, onde tive a oportunidade de conhecer outros projetos executados em toda a América Latina e o “Projeto Vida” chamou a atenção dos educadores de outros países. Aprendi muito fazendo prazerosamente atividades com os meninos e com a equipe. Arlete, Eliseu, Eliomar “Passarinho”, Cícero, dona Leonora (mãe e cozinheira), Raul e outros mais estarão sempre dentro de mim como companheiros de caminhada das nossas vidas. Aqueles meninos que hoje são jovens, adultos que também aprenderam fazendo um projeto de vida onde quer que estejam hoje com certeza fizeram e fazem a diferença na sociedade. Parabéns Eveline!

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